Por meio de investimentos do programa PIPE FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) foi possível desenvolver uma metodologia andragógica baseada em uma plataforma de qualificação e avaliação continuada para profissionais da limpeza hospitalar que faz uso de realidade virtual (RV) e trilha de aprendizado. Contudo, o mais importante, não é criar a solução, e sim aplicá-la e verificar seu real resultado na prática.
No Brasil, existem notícias sobre a criação de aplicações de RV para treinamento de profissionais, já faz mais de duas décadas e todos fracassam em provar o real resultado em campo que justifique sua implantação permanente. Seja, por questão de custos e escalabilidade (equipamentos caros e de difícil reposição/manutenção), seja pela própria cultura de manter uma forma já existente de treinamento dos profissionais (não é prioridade) entre outros.
Longe das aplicações da área de defesa e aviação oriundos de países com os EUA, etc. onde o mercado de simuladores virtuais tem previsão de alcançar US$ 10,3 bilhões até 2027. O mercado de aplicações em geral padece de resultados e casos efetivos de sucesso . Mesmo para o mercado de ensino (fundamental, médio, superior, etc.) até o momento, nenhum resultado expressivo ou caso de implantação com escalabilidade ocorreu de forma a ser replicado. O mercado de educação corporativa ainda convive com questões como: “Funciona mesmo?”, “Seu custo x benefício atendem a necessidade da empresa?”, “É muito caro implantar?”, etc.
Buscando mudar este cenário, o esforço precisa estar concentrado em medir os resultados da implantação. Diante disso, foi criado e produzido módulos de treinamento com foco no dia a dia operacional dos encarregados de limpeza hospitalar. O piloto foi executado com profissionais que trabalham em um hospital de oncologia de grande porte da cidade de São Paulo (SP). Participaram 14 encarregadas que realizaram quatro sessões de treinamento individual em um período de cinco meses.
Três pontos tiveram destaques neste acompanhamento de implantação. Inicialmente, foi percebido que os repasses de leito diminuíram. Isto é, quando a servente de limpeza limpa um quarto, a hotelaria verifica se está limpo. O repasse acontece no caso dela encontrar algum ponto sujo nesse quarto. Se ela encontrar é necessário chamar a servente de limpeza para limpar novamente. O ideal é o encarregado verificar o leito antes da hotelaria para que ela seja capaz de se certificar que não tenha esse tipo de repasse.
Outro ponto de destaque está relacionada a diminuição de reclamações por parte dos clientes. Antes eram encontrados banheiros sujos, lixeiras cheias, etc. Desde a implantação houve uma redução de reclamações para os supervisores e coordenadores. Estas reclamações geralmente eram realizadas pelos clientes via e-mail. Por exemplo, os erros de checagem de datas, as vezes escreviam errado o nome do material, não trocavam as datas dos borrifadores, além de não organizarem os armários. Atualmente, o quadro se inverteu inclusive, a supervisora tem sido avisada e os armários têm sido encontrados organizados.
Por fim, as encarregadas ficaram mais atentas às áreas e suas atitudes comportamentais melhoraram. Elas têm orientadas as serventes de limpeza corretamente, inclusive, verificado as terminais. Elas têm cobrado a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI) e solicitada a retirada de adornos das serventes no ambiente hospitalar. Atualmente, passam o plantão sem apontar a falta de materiais. E o mais importante, não fica “terminal” pendente pra outro turno.
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