No mercado brasileiro de segurança privada e para as instituições públicas de segurança, a justificativa de melhorar e manter as habilidades motoras e de atitude do profissional, ainda não é suficiente para popularizar o treinamento contínuo. Quando existe uma percepção da importância do treinamento, esbarra em custos, falta de instrutor, logística e que não é possível por falta de dinheiro.
E quando se propõe o uso de tecnologia de simuladores para treinamento continuado ai a discussão não vai muito a frente. Diz que é desnecessário, não precisa. Mas e o caso dos simuladores para formação de pilotos de avião que hoje é obrigatório, de condutores de veículos que hoje também é obrigatório, entre outros..
Mas independente se um dia será obrigatório em nosso País… será que realmente funciona ?!
Foi realizado um teste de campo em uma academia de formação de segurança para saber se havia alguma melhoria na habilidade do profissional. Para isto buscou-se fazer uma análise comparativa com o treinamento real. Diante disso, em uma das atividades, foram selecionados em torno de vinte alunos iniciantes de um curso de formação de vigilantes, onde foram separadas duas turmas de dez alunos cada. A atividade foi realizada durante as aulas de armamento e tiro. Uma das turmas seguiu o roteiro da aula normalmente (sem o uso do simulador), ou seja, tendo a aula teórica e em seguida realizaram os tiros no stand de tiro real. A outra turma, após a parte teórica, teve uma parte prática no stand de tiro virtual do simulador antes de irem ao stand de tiro real.
Após esses cumprimentos foram observados os seguintes resultados: Os alunos que tiveram a aula com o uso do simulador anteriormente obtiveram um melhor desempenho na aula de tiro no stand real. Esta melhora foi percebida com um maior percentual de acertos destes alunos e menor necessidade de correção do aluno durante a atividade prática com tiro real. Tornou a atividade mais produtiva e segura.
Outra validação foi realizada em uma segunda empresa multinacional de transporte de valores. Esta empresa treinou inicialmente 499 colaboradores nos estados do Paraná e Santa Catarina. Foram selecionados 10 colaboradores para realizar o tiro real (sem a utilizar o simulador) e 10 colaboradores utilizaram o simulador. Foi obtido uma melhora de 8% com os colaboradores que passaram pelo simulador. Esta melhora foi percebida com um maior percentual de acerto desses alunos e menor necessidade de correções dos alunos durante as atividades práticas com o tiro real. Diante disso, foi atestado que o simulador cumpre com as expectativas nas melhora da qualidade do treinamento e na prática do tiro quando se tem a oportunidade de treinar antes de forma simulada. Inclusive estes resultados não fogem dos resultados obtidos em outras áreas que utilizam a simulação para o treinamento continuado onde a pessoa prática virtualmente para depois ser exposta a uma situação real.
Pode ser que nunca chegue ser lei ou exigência, treinar com simuladores no Brasil, mas… um levantamento financeiro realizado junto a uma empresa de segurança calculou que treinar 138 homens uma única vez em um stand de tiro real. Já seria suficiente para pagar um simulador. Este valor do custo de cada homem treinado foi calculado aplicando a economia com horas extras, aluguel de stand, aluguel da arma, munição, instrutor credenciado e deslocamento. Se fossem realizados mais de dois treinamentos com o mesmo homem em semestres diferentes, por exemplo, o valor dobraria por homem treinado. Com o simulador, é possível realizar mais de um treinamento com cada pessoa sendo que a partir do segundo treinamento, o equipamento já não conta o seu custo de aquisição.
Além disso, é sempre importante lembrar que o treinamento de forma continuada é fundamental para que, em uma situação de confronto, a mesma seja conduzida para uma ação conclusiva que não necessite do uso de força extrema como realizar um disparo com a arma de fogo no calor de uma ação com a adrenalina alta e sem nenhum preparo. Provavelmente, o desfecho nunca vai ser bom. Não importa o lado que você esteja da arma.
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