Desde a implantação das primeiras empresas no mundo corporativo, o treinamento já era utilizado como ferramenta de organização e qualificação do trabalho. Ao longo dos anos, esse processo ganhou evidência ao ponto de se tornar essencial para as empresas que pretendem se destacar no mercado e que apostam em bons profissionais para oferecer serviços de qualidade.

No mercado de segurança privada está visão não é diferente, principalmente devido à forte concorrência e a pressão por parte dos clientes em exigir qualidade com os menores custos possíveis. Uma equação de difícil resolução para os empresários do setor. Com relação à segurança pública no Brasil, principalmente envolvendo as guardas municipais, já depende de fatores mais complexos que acabam dificultando uma real compreensão do cenário. Pois as verbas públicas que chegam ao município já possuem direcionamentos e outras prioridades como saúde, educação, entre outras. Nem sempre o prefeito e o comandante da guarda possuem caminhos adequados para captação de recursos juntos aos governos: estadual e federal.

É importante salientar que treinamento é investimento e não somente um gasto operacional. Mais do que conhecimento adquirido, o mesmo visa oferecer aos funcionários a capacidade de se destacar e superar expectativas. A empresa que investe em treinamento forma bons profissionais, mas também constrói um diferencial, pois investir no potencial humano é abrir as portas para melhores resultados e de alguma forma ampliar a margem de lucro. Sempre é bom lembrar que profissionais capacitados geram melhoria na produtividade, além de ser um grande diferencial para o negócio. O funcionário deve ter um envolvimento com o assunto que for abordado, pois apenas dessa forma, conseguirá se identificar com o conteúdo e aplicá-lo na sua rotina de trabalho diário.

O treinamento de forma geral tem que ser utilizado para somar conhecimento ao profissional, ou mesmo, para calibrar algum conhecimento já existente. Se o colaborador não entender que está recebendo determinada orientação para que a atividade dele melhore, seja mais produtiva e com mais qualidade, dificilmente ele irá valorizar a informação que está recebendo.

Mas então porque se treina tão pouco ou quase não treina os profissionais da operação na área de segurança privada? A resposta está na baixa exigência dos clientes das empresas de segurança e transporte de valores que praticamente tornam o mercado baseado somente em custo. Semelhante ao mercado de venda de sacas de café. Simplesmente uma “Commodities”.

Manter o treinamento constante dos profissionais de segurança com relação à abordagem junto à população pode evitar diversos problemas críticos, como por exemplo, um disparo com uma arma de fogo indevido. Esta situação é um fator de relevância social, e porque não dizer, econômica. O treinamento de abordagem e a frequência com que é aplicada pode evitar o afastamento desses profissionais de segurança da sua rotina de trabalho, haja vista que quando ocorre, por exemplo, uma situação de confronto com disparos de arma de fogo, existe um processo interno de sindicância, inclusive com o afastamento do profissional envolvido com a ocorrência de suas atividades do dia-a-dia. Muitas vezes, os profissionais da área de segurança não têm a oportunidade de treinar atitudes, postura verbal e corporal em situações que ele realmente irá se defrontar no momento em que estiver prestando seus serviços no dia-a-dia.

A utilização de simuladores de abordagem tem o aspecto de envolver mais pontos de interação, envolvimento e imersão. Não somente o uso do disparo da arma de fogo, mas também, a verbalização, postura corporal entre outros. Isto auxilia no engajamento e no comprometimento do profissional que está sendo treinado. Este tipo de simulador está alinhado à aplicação da metodologia do uso progressivo da força (Figura 1). Isto é, a ação deverá se dar de maneira compatível a gravidade da ameaça representada pela ação do infrator, sem se desviar do princípio da legalidade que norteia o processo de uma intervenção. Enfim, esses simuladores foram criados para suprir a necessidade da atual postura da polícia e também da segurança privada que é a utilização de uma arma de fogo como última opção diante de uma situação crítica. Antes de atirar, existe todo um processo que vai desde a presença do profissional de segurança, passa pela verbalização, e posteriormente, como última opção, o disparo de uma arma de fogo.

Visão geral do uso progressivo da força.

Além de possibilitar o treinamento baseado no método do uso progressivo da força e abaixar os custos do treinamento com arma de fogo. Os simuladores permitem aumentar a frequência dos treinamentos para estimular memória motora, realizar os treinamentos nas próprias bases operacionais o que evita deslocamento e possibilita treinar individualmente o profissional em horários de curta duração durante o expediente normal sem precisar pagar horas extras.

Também possibilita medir o desempenho de cada um dos profissionais (curva de aprendizado), além de possibilitar o acompanhamento da evolução por treinamento realizado facilitando a geração de indicadores de desempenhos que são importantes para os gerentes demonstrarem eficiência dos treinamentos para os diretores de Recursos Humanos (RH)/Gestão de Pessoas (GP). Isto é fundamental para empresas que possuam segurança orgânica e precisam justificar qualquer investimento com a equipe de segurança.

Por fim, um aspecto importante que o treinamento com simuladores pode promover é a integração dos profissionais de todas as bases de operação espalhados em diversos locais e o seu engajamento tanto no treinamento quanto no seu envolvimento com a cultura da empresa. Pois este profissional se sente assistido pelo seu empregador. Não basta somente pagar o salário dele, a empresa precisa mostrar que se importa com a sua formação e aperfeiçoamento. Todos se sentem estimulados a trabalhar melhor quando entendem que fazem parte de um time.