O tomador de decisão, assim como toda e qualquer pessoa que participa de um processo de gerenciamento de crises, está durante todo o desenrolar do evento, tomando decisões dos mais diversos juízos pertinentes aos mais variados assuntos. Sempre diante de dilemas do tipo: “faço ou não faço”.
O gerenciamento de crises é o processo de identificar, obter e aplicar recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de um evento ou situação crucial, que exige uma resposta, a fim de assegurar uma solução aceitável. É importante lembrar que não é um processo de fácil solução, pois cada crise apresenta características únicas, exigindo, portanto, soluções individualizadas, que demandam uma cuidadosa análise e reflexão.
Na área de segurança pública e privada, para realizar esse gerenciamento, uma das percepções, ou seja, uma das ferramentas que o profissional deve-se basear para reagir está relacionada à aplicação de técnicas como: OMD (Observar, Memorizar, Descrever) e IDA (Identificar, Decidir, Agir). E é nesta questão que está o maior problema. Como qualificar e avaliar continuamente o profissional para saber se ele está preparado para utilizar estas técnicas?
Atualmente, elas são muito pouco praticadas devido à dificuldade de se aplicar algum tipo de treinamento escalável, de baixo custo e que gere indicadores de desempenho. Existem poucas maneiras de se treinar efetivamente e quase nenhuma de avaliação. Isto acaba desestimulando todo o processo de qualificação.
Diante disso, foi necessário pesquisar algo “fora da caixa” que pudesse resolver um problema que, a principio não tinha uma solução viável dentro da própria área de segurança. A resposta só apareceu quando foi utilizado um método multidisciplinar que envolvia conhecimentos em inovação disruptiva, plataforma de cloud computing, Internet das coisas (IoT), realidade virtual (RV), metodologia de ensino ativa, problem based learning (PBL), mobile learning, micro learning e algoritmos analíticos.
A aplicação de roteiros situacionais baseado no PBL utilizando simuladores de RV é capaz de tornar o conhecimento mais prático permitindo aumentar os níveis de imersão, interação e envolvimento de cada profissional na hora do treinamento. Por exemplo, expor um profissional a uma simulação virtual onde ele precisa tomar decisões de uma forma rápida, faz com que seja estimulado o poder de reação em um curtíssimo espaço de tempo. Além disso, mantendo-se a repetibilidade da execução dos módulos de treinamento irá permitir que seu poder de ação, seja estimulado ao ponto de se tornar, um ato reflexo.
Diferente dos tradicionais simuladores que ficam instalados em salas de treinamento com acesso restrito, onde o profissional precisa sair do seu posto ou base para realizar as atividades. E onde ele terá uma segunda utilização, somente semanas ou meses depois dessa primeira vez, inviabilizando qualquer tipo de processo de continuidade. A utilização de um simulador mobile (smartphone com óculos 3D) tem um custo menor e por isto permite uma maior escalabilidade, além de poder ser utilizado em qualquer lugar e qualquer hora. Neste simulador foram empregados os conceitos de mobile learning e micro learning. Ao final de cada módulo de treinamento os resultados são enviados via Internet para a plataforma cloud computing onde estas informações são tratadas e os algoritmos analíticos irão gerar indicadores de desempenho específicos para cada profissional.
Uma proposta disruptiva acaba sempre tirando as pessoas das suas zonas de conforto. Não é diferente neste caso, contudo o que muda é que até então, não se tinha uma forma de treinar adequadamente o OMD e IDA para ser empregado no gerenciamento de crises. E agora pelo menos existe um caminho descoberto. Apenas o tempo dirá se é a direção correta.
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